Confesso que gosto muito de ler poemas, acabam por me deixar ainda mais perto do sentimento do poeta do que uma prosa. Entre os meus favoritos estão a Pedra Filosofal de António Gedeão, o Cântico Negro de José Régio, Amor é Fogo que Arde sem se Ver de Camões, Sísifo de Miguel Torga, A Nossa Casa de Florbela Espanca e Contrariedades de Cesário Verde. Hoje vou partilhar convosco um poema da Sophia de Mello Breyner, poetisa que adoro desde tenra idade, que conheci há pouco tempo. Espero que sintam cada verso com a maior intensidade possível!
Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei
Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso
Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo
Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei
Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso
Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo
Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento
Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Livro Sexto'
with all my love, C
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