sábado, 5 de abril de 2014

Portugal Fashion Organic | MY POINT OF VIEW

Quero pedir-vos desculpa pela minha ausência, vocês imaginam a correria que são as últimas semanas de aulas e foi mesmo impossível fazer este post mais cedo. Se eu estava ansiosa por o escrever? Mais do que ansiosa e cheia de vontade de partilhar convosco o que está para além das fotografias, os detalhes que só se vêm de perto e que o meu sentido estético conseguiu destacar. 
O que vos posso adiantar é que as cores principais para os próximos Outono e Inverno são o preto, o azul e o branco. Acredito que maior parte de vocês não goste da junção preto+azul, é o comum entre os mortais. Mas por que não? Arrisquem!! 
Hoje mostro-vos quem na minha opinião se destacou positiva e negativamente na mais recente edição do Portugal Fashion. E garanto-vos, o preto com azul vai passar a ser a vossa combinação favorita!

DIOGO MIRANDA


Foi assim que começou o meu desfile favorito no Portugal Fashion. É verdade, o momento que mais me surpreendeu foi aquele que eu mais aguardava, a apresentação da coleção do Diogo Miranda! Vai ser mesmo esse o primeiro que vou abordar visto que nem sempre faz sentido deixar o melhor para o fim. 
Começando pelo mais pequeno detalhe que fez toda a diferença, achei esta minimal make up a opção perfeita para atrair todas as atenções para os conjuntos apresentados pelo designer uma vez que estes já eram bastante simples por si só. A inspiração foram notoriamente os anos 50 (sim, isto teve um peso grande na minha consideração!) e consegui notar semelhanças com vestidos da Audrey Hepburn, da Grace Kelly e da Jackie Kennedy. 
Dou nota máxima ao designer não só pelas criações mas também pela escolha da música que dava um ritmo completamente diferente aos passos delicados a que associamos as divas dos 50's, pelo têxtil que escolheu para as saias assimétricas que produzia (acredito que isto vá soar um bocadinho mal nas vossas cabeças) um som semelhante a papel  e pela mudança repentina da paleta de cores tão suave para a cor mais quente de todas, o vermelho.








A saia que provocava um som curiosamente igual a papel



Audrey Hepburn nos Óscares do lado esquerdo e uma criação Diogo Miranda do lado direito




Grace Kelly à esquerda e uma das peças da coleção à direita







à esquerda Jacqueline Kennedy no seu casamento, à direita uma das criações do designer





DANIELA BARROS

Geometria. Triângulos,  assimetrias, simetrias e linhas retas definiram a coleção de Daniela Barros. 
O facto de há bem pouco tempo ter sido uma das designers a apresentar coleção no Bloom e já ter passado para os desfiles principais suscitou a minha curiosidade e posso dizer-vos que gostei muito. Gostei das malhas, da anamorfose dessas mesmas, dos materiais baços e de toda a geometria envolvente. A minha peça favorita foi a camisola com transparência intercalada com opacidade nos braços.
O que menos gostei foi quando a geometria apareceu em formato padrão, apesar de ter apreciado as transparências que Daniela usou e que, pelo que percebi, estão entre as técnicas favoritas da designer.












HUGO COSTA

Confesso que não sabia o que esperar. Por ser apresentada ao mesmo tempo que a coleção de Daniela Barros imaginei que esteticamente fossem semelhantes e a verdade é que até acabaram por ser. Aqui a inspiração eram Samurai e destaco a boa confeção notória nos casacos, as mochilas lindas de morrer e a geometria das peças, tal como em Daniela Barros.
Tal como no primeiro desfile que comentei este também teve uma quebra da paleta de cores inicial rasgando a sobriedade com outra cor quente, o cor-de-laranja. Li na vogue.pt que o designer abomina a cor, daí a ter escolhido para se desafiar a si próprio (!!) o que até me deixou surpreendida, gosto quando as pessoas se querem superar a si próprias. Well done, Hugo Costa!




















ANABELA BALDAQUE

Começou ainda com as luzes apagadas, com a fala curta de um narrador que deu início ao desfile assim que se seguiu uma música ritmada de onde vinham as modelos já visivelmente organizadas. Gostei dos padrões tipicamente associados às estações frias e dos trench-coats acompanhados de vestidos curtos e lenços. Destaco positivamente as meias com stilettos, o elo de ligação entre todas as peças  que não podiam ser mais british;  negativamente o meu destaque vai para as peças com misturas de padrões numa espécie de patchwork. 


















SUSANA BETTENCOURT

Susana Bettencourt conseguiu que a sua coleção nos transmitisse uma pureza claramente ligada à natureza, com pouca variedade mas em contrapartida com peças de uma confeção brilhante com detalhes peculiares.  
As minhas peças favoritas foram um vestido assimétrico que praticamente flutuava no corpo da modelo e uma capa que se movia de baixo para cima com o movimento do andar, ambos em cinzento.











ESTELITA MENDONÇA

Detalhes, detalhes, detalhes e mais detalhes. Aqui o céu desceu à Terra por uns minutos e eu não consegui parar de sorrir até ao final do desfile! Vocês já sabem o quanto adoro a simplicidade e quem me conhece bem  até chega a gozar comigo com a quantidade de vezes que eu digo "Less is More" mas vocês também conseguem perceber a genialidade destas peças, certo? Desde os pormenores transparentes nos colarinhos das camisas e nos punhos das gabardines (provavelmente em acrílico ou quem sabe em plástico), ao corte da camisa de homem que foge às regras  de modelagem da peça mais clássica de todas, passando pela música super futurista e o caminhar lento dos modelos e o olhar quase robótico dos mesmos, as várias peças em que se usou a pele queimada com jato de ar quente, os sapatos muito bem escolhidos e acabando na saída organizada dos modelos, um a um, após terem organizado uma fila indiana na qual se mantiveram durante uns segundos. So far so good, Estelita Mendonça!








O modelo com a melhor performance, conseguem notá-lo no olhar dele














KATTY XIOMARA

Katty Xiomara seguiu-se a Diogo Miranda, ultrapassando uma década. Quase consigo garantir que a inspiração foram os anos 60 e ao ver  algumas peças não parei de pensar no filme "The Help" que nos conta uma história passada nessa década cujo guarda-roupa tem muitas semelhanças com alguns vestidos desta coleção. 
Adorei tudo, mas com a Katty X acontece-me sempre isso! Achei incrível o vestido vermelho simples cuja parte de cima parece resultar de uma desconstrução de um blazer, adorei os hot pants que me remeteram aos atletas dos anos 60 e rendi-me completamente aos vestidos de renda.  Não foi só a coleção que teve um grande peso de feminilidade, também a música, "Son of a Gun" da dinamarquesa Oh Land, ajudou a criar um ambiente muito girly e divertido.Experimentem ouvir enquanto vêm as peças, pode ser que sintam um bocadinho do que eu senti lá! 










fotografia retirada do filme "The Help" à esquerda e vestido Katty Xiomara à direita





à esquerda atletas em 1964, à direita um dos looks da coleção Katty Xiomara






















Agora falando nos que gostei menos... 
Eu gostei de Luís Buchinho, achei que as peças tinham uma grande ligação entre si e gostei da junção de materiais mas os sapatos, os sapatos estragaram tudo! Tanto na forma como na cor, os sapatos foram uma má escolha e conseguiram a minha atenção toda quando o papel deles numa coleção de roupa e não de sapatos não é, de todo, esse.



Eu sei que a tradição é das melhores coisas que temos e o coração de Viana é das peças mais bonitas e com maior carga sentimental que um minhoto pode carregar (nunca vos contei mas tenho uma costela minhota) mas em exagero tudo perde o sentido, não falando do equilibrio. Gostei da ideia de TM Collection by Teresa Martins de juntar a tradição a um estilo mais underground com meias cortadas/pseudo-leggings e botas inspiradas nas icónicas Doc Martens, mas este foi um casamento um bocadinho infeliz com uma mistura exagerada de padrões e corações por toda a parte. De qualquer das formas a ideia foi boa, só acho que não resultou muito bem. 









Este ano infelizmente não consegui ir ao espaço Bloom mas pelo que espreitei nas galerias que fui encontrando na internet os designers de sangue novo eram fortíssimos. Não acho justo comentar desfiles que não vi uma vez que, como devem compreender, as fotografias não mostram nem metade da magia que um desfile possui. Espero ter-vos mostrado isso com o tipo de críticas que fiz; quis ir mais fundo do que o habitual nas críticas feitas pelos bloggers portugueses, quis dar-vos um bocadinho do que vivi lá seguindo o meu olhar e a minha linha de pensamento. Afinal de contas é isto que é ter espírito crítico, não é? 


With all my heart, Carol

Nota: Fotografias retiradas da plataforma online da Vogue Portuguesa.

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